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RESISTENCIA INTERNATIONAL

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sábado, 20 de fevereiro de 2010

CULT 7 - CONTOS - 19/02/2010

SONHOS by Marcelo Smith


Duas horas da manhã. Acordo assustado. Noite fria, intensa. Estou longe dos meus. Me sinto só. Percebi que estou em silêncio há horas. O meu pequeno mundo se resume à minha casa e à mobília que lá está. Na outra face do mundo, cães de guerra anunciam o fim de tudo. O que será da humanidade? Adormeci pensando nisso. Estou à 462 kms do sagrado amor, cercado de choques na minha cultura. Cercado de amigos/inimigos por todos os lados. Sou igual a uma máquina. Trabalho de dia e fico desligado de noite. O mundo se desliga de mim. Ninguém olha para mim. Ninguém enxerga os meus sentimentos. Esse é o momento de descobrir quem sou eu de verdade. Mesmo assim, estou sereno, impassível. A vida vai me levando, não tenho reações. Não consigo ao menos revoltar-me. Dias e noites de mesmices e marasmo. Dias e noites de sentimentos de angústia. Sonhos, pesadelos desconexos. A vida anulou-me. Vivo agora vegetando. Sou escravo do tempo, perdi a liberdade.
Por isso, acordei assustado, novamente.
Vi-me perdido em sonhos. Perdido em criações mentais que só eu posso produzir. Criações da solidão que sinto nestes dias duros de uma vida nula e pequena.
Posso apenas comemorar uma coisa: sonhar. Sonhar, mesmo que sonhos tristes. Ser livre e ter uma vida de esperança.
O que importa no ser é apenas o que temos no crânio.

CONTO INACABADO by Marcelo Smith


Foi-se o tempo em que os homens podiam acordar de acordo com o relógio do seu corpo, tomar um longo e gostoso banho, servir-se de um maravilhoso café da manhã, conferir as notícias no jornal e depois sim, seguir caminhando tranqüilamente até o seu trabalho. É..., foi-se o tempo. Agora vivemos reféns de máquinas que regulam desde o nosso despertar até o momento em que estamos no isolamento do banheiro, curtindo aquela gostosa “cagada”. É, foi-se, perdeu-se nas brumas do tempo e da saudade de cidades ainda provincianas, onde a vida era bucólica como no campo. Assim, eu me sinto perdido, querendo encontrar aquela tranqüilidade perdida, que deixei para trás. Aquela tranqüilidade que tanto reclamei, questionei, e por fim perdi. Agora sou refém. Refém das máquinas, dos homens dos negócios, refém do meu próprio ego. Ego este que fez-me querer o que tenho agora. Achei que isso era tudo, mas vi que o tudo significava a minha derrocada. Corro atrás das horas, dos minutos, dos segundos. Corro sem destino, buscando recuperar o tempo perdido. Hoje estou livre qual os pássaros, mas sinto-me prisioneiro como o pior dos criminosos. Posso caminhar pelas ruas, pelas praças, pelas estradas.... Mas, na realidade, estou preso. Preso buscando algo que não é meu e nem será. Não será nunca, pois como pode um homem refém das máquinas querer ter algo puro? A pureza não está num ambiente frio, material, morto das máquinas. Elas matam, massacram povos, nações, crianças, homens , mulheres e assim mesmo enaltecem este objeto de destruição. A destruir vidas que pensam, a destruir mentes e filósofos.
Estou impotente, sem condições de fazer a revolução. Me sinto pequeno, perdido em números que me massacram, relatórios que me aprisionam e generais do apocalipse que com a sua análise dura, julgam-me, matam-me. Aonde está aquele que disse que era um líder, um revolucionário que iria acabar com o império do materialismo!? Não sei, sumiu, foi-se e agora não restou nada.
Ideologias a parte, o sonho morreu na estrada de uma vida sem futuro, onde o relógio massacra, o tempo é escasso e o clima arde como no inferno. Consumindo a nossa alma pensante e criativa. Queimando o que restava de beleza no mundo.
Talvez, ao terminar este singelo desabafo, inacabado, pois somos incapazes de relatar sentimentos verdadeiros no papel, eu não mais esteja aqui. Estarei sim, livre, totalmente livre, com a liberdade de volta. Aí sim, vou conseguir terminar tudo o que não fiz e tudo o que eu tinha e aspirava fazer.
Bem, a inspiração um dia volta, como o dia às vezes ensolarado, às vezes nublado, às vezes chuvoso.
O que eles desconhecem é que nunca se termina uma obra, pois ela viverá para sempre povoando e intrigando as mentes de todos aqueles que carregam no peito a vontade de decifrar os enigmas daqueles que são fingidores natos. Enganam debochadamente, deixando sempre a impressão de que estão certos e que a sua filosofia é verdadeira.
Pobre de nós, simples mortais, que nos propomos a decifrar estes mistérios.
Será que acabou.....




2 comentários:

Rosa maria disse...

Oi Marcelo isso se chama viver.

Bárbara T. disse...

Bonito texto. Reflexivo. =]