CULT 60 - HISTÓRIA

“A mais bela das histórias”

Vinte e um de junho. Ano 1989. Maracanã aos 12 minutos do segundo tempo - começou a ser escrita a história mais bonita da minha vida. Esqueci de completar, fazia exatamente 21 graus e o jogador que cruzou a bola tinha a camisa 12 e o que fez o gol foi o 7; sim, justamente o número da camisa do Garrincha. O Botafogo era campeão de novo! Vinte e um anos de sofrimento, zombaria e tristeza. Chegamos ao fim de um ciclo terrível, que nos assombrou com muita sacanagem de flamenguistas, vascaínos e tricolores por um longo, mas que, definitivamente, acabou neste dia de tantas coincidências, com a magnitude e a superstição típicas do Botafogo de Futebol e Regatas. Fomos campeões invictos, em cima do Flamengo, que tinha no seu elenco Zico, Bebeto, Jorginho, Aldair e outros jogadores da seleção brasileira da época.

A noite foi longa, de comemoração incansável. Com 17 anos, o pique era total. Comemorei até às 3h da manhã. Assisti a todas as reprises do gol, todas as reportagens... enfim, a angústia havia acabado. Dormi pouco, mas um sono justo, tranquilo e campeão.

O segundo capítulo desta linda história começou nestas poucas horas de sono, pois sonhei com o meu querido falecido avô Albino, botafoguense de renome, dizendo o seguinte: “Num tempo muito difícil da sua vida, você receberá um grande presente, que será o seu filho, e você deverá batizá-lo com o nome que anunciou ao mundo a boa nova do Cristo - Gabriel. Será um menino, um verdadeiro anjo, que protegerá os seus caminhos e será acima de tudo a sua meta, porque só te restará esta alternativa”. A imagem do vovô era nítida, como se estivesse vivo em frente à minha cama. Detalhe, ele faleceu bem antes do meu nascimento, em 1961, e eu nasci em 1972. Acordei tranquilo, às 5h, parecendo que tinha dormido as oito horas normais de sono, com o sonho vivo na cabeça, um título para comemorar. O dia 22 foi melhor ainda.

Onze de maio de 2009, vinte anos depois, nasceu o Gabriel. Dois meses depois Deus levou a minha mãezinha, após 3 anos de intenso sofrimento. No fatídico dia 30 de julho, quando cheguei do sepultamento, ainda sob o efeito daqueles terríveis momentos de despedida e fui ver o Gabriel ainda com 2 meses de vida, ele sorria para mim, levantando os braços como se quisesse me abraçar e me salvar de tudo aquilo. A lembrança do sonho voltou à tona, me emocionando muito, e, naquele momento, me senti totalmente amparado por Deus. Entendi todo o sentido daquilo que havia sonhado no dia 21 de junho de 1989.

No último dia 11 de maio, o meninão fez 2 anos de idade. Todos os dias, quando chego do trabalho, sem falhar um dia, a recepção é a mesma: olhinhos felizes com a chegada do amigo, abraços, e um EU TE AMO PAPAI doce, sincero, que cura as mazelas e preocupações que trago da rua.

Religiosidades à parte, resolvi contar a mais bela das minhas histórias para que possamos nos ajudar nos momentos difíceis, nas horas de desespero, em que reclamamos que a vida está contra nós. Basta olharmos em volta e, certamente, até o mais céticos dos homens poderá encontrar um sinal indicador que a vida aqui na Terra, mesmo sendo muito difícil, sorri nos momentos de caos e sem esperança.

Gabriel, meu filho querido, meu amigo, meu parceiro, que você comemore com toda a sua alegria 2 milhões de anos ao meu lado e ao lado de sua mãe. A minha gratidão pelo salvamento que você me proporcionou será te educar como um homem de bem, com todo o meu amor e carinho.

TE AMO PARA TODO O SEMPRE! Por isso, te ofereço a música que me transformou no roqueiro que sou hoje.

Eu já coloquei este vídeo aqui, mas, se eu ouvir JUMP até o ano de 2300, vou querer ouvir mais 500 anos, porque, simplesmente, ninguém nunca mais lançará uma música que mexa tanto comigo desde os meus 12 anos de idade.

Marcelo Smith