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RESISTENCIA INTERNATIONAL

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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

CULT 177 - LITERATURA





A irritação do Diabo 

            A porta da instituição financeira foi aberta e os clientes começavam a entrar. Eram seis caixas para mais ou menos cem clientes, que diga-se de passagem, aguardavam há duas horas pelo atendimento. Dia de muito calor, mas chovia forte. Era verão na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. As pessoas estavam irritadas, molhadas... Em cada rosto a marca do sofrimento de tanta espera. Imaginem, seis caixas para tantos clientes! Melhor dizendo, cinco, pois um ainda não havia chegado, estava atrasado para variar. Morava na Glória, ou seja, quinze minutos da agência bancária que localizava-se no centro da cidade, e estava atrasado. O sofrimento dos clientes ainda seria maior porque naquela época não se utilizava o moderno sistema de fila única. Traduzindo em números, eram 20 pessoas para cada caixa.

 Maldade, que maldade, o banco cheio, 10:15, e Roberto, o espertalhão, ainda tomava seu café em casa, lendo o jornal tranqüilamente, nem se preocupando com o sofrimento alheio. Terminou o café às 10:30, tomou um banho, vestiu-se e escovou os dentes às 10:45. Beijou a esposa e saiu às 11:05. Desceu, pegou o ônibus. Chegou no trabalho às 11:20. Tempo total de atraso: duas horas e vinte minutos, pois deveria ter chegado às 09:00. Abriu o seu caixa somente às 11:50,  levou trinta minutos arrumando seus documentos e ainda teve o descaramento de gritar aos colegas:

- Gente, só aviso uma coisa! Vou almoçar às 12:30, pois estou morrendo de fome.

Isso era demais, 2 horas de atraso e ainda queria almoçar!? O pior de tudo era que isso acontecia todo santo dia !

            Bem, é óbvio que Roberto despertava sentimentos de fúria nos colegas de banco, mas ninguém tinha coragem de reclamar, pois ele era o funcionário mais antigo da agência, começando na mesma há vinte anos atrás como "office boy". O gerente sabia de tudo, mas fazia vista grossa, pois eram colegas de trabalho ao longo de todos esses anos. Também, como ninguém tinha coragem de reportá-lo, ele se calava diante de tudo.

            Onze e cinqüenta ele gritou:

 - Próximo!

            Era uma velhinha dos seus 75 anos:

- Meu filho, quero depositar na minha poupança.

Era, em moeda atual, uns R$ 100,00.

- Claro senhora, como vão seus netos?

- Tudo bem, estão  cada vez mais bonitinhos, inteligentes,....

A distinta anciã  desandou a falar e logo formou-se uma  grande fila atrás dela. Roberto serviu café, água, comentou sobre política, futebol, as dificuldades da vida e nem se preocupou com os outros clientes. Tudo isso que fazia, era justamente de caso pensado, pois o nosso amigo fazia de tudo para trabalhar pouco. Após meia hora de papo furado e muitas reclamações, a velhinha  saiu do caixa. Eram 12:25. Logo após a sua saída, Roberto colocou a placa: CAIXA FECHADO. Esqueceram? Ele ía almoçar às 12:30. Os cinco minutos eram para lavar as mãos e ir ao banheiro. Revolta geral:

- Safado! Vagabundo!

E Roberto disse:

- Nem me importo, estou morrendo de fome e meu estômago não pode esperar por causa da minha gastrite.

E foi-se...



Amigos leitores, esse homem era muito vagabundo. Para vocês verem como não estou exagerando, sua máxima de vida era: "Quando morrer não quero ir para o céu, lá deve ter muito trabalho com esse negócio de fazer o bem e ajudar à todos. Prefiro ir para o inferno, imaginem: bebida, carnaval, mulheres...", filosofava. Isso era demais.

Bem, saiu às  12:30. Eram 13:40 e ainda não tinha voltado apesar de só ter direito a 30 minutos de almoço. Na verdade, não era almoço, caixa de banco tem um lanche. Abriu o caixa novamente às 14:00:

- Tive um problema sério para resolver.

Foi escovar os dentes, voltou às 14:30.

- Tive uma diarréia repentina, desculpem, já falei com o chefe.

Como viram, armações após armações, e o vagabundo ía “enrolando”, só para não pegar no batente.

Logo que abriu o caixa,  de repente...

- Mãos ao alto! Isto é um assalto!

Assalto  na agência. O meliante olhou para  Roberto e falou:

- Ô palhaço, eu falei mãos ao alto, porra !!!

- Não estou com a mínima pressa....

- Então toma...

BANG, BANG, BANG...

E descarregou a arma no nosso  enrolão...



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Calor, novecentos graus, fumaça, cheiro de enxofre....

- Cara, você não tem jeito! Não consigo nem aqui no inferno fazer você trabalhar só um pouquinho. Há meia hora atrás te pedi para tomar uma garrafa de cachaça, pegar os chicotes, as correntes e apanhar um pouco das  meninas e você já foi ao banheiro umas 4 vezes, saiu para se molhar com água quente 2 vezes. Porra, assim não dá!!! Vou te devolver para a terra. Puta que pariu, esse cara é demais!!!

É, existem pessoas que são tão vagabundas que até o Diabo se irrita!!!!!


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