“Vou viajar de novo. Vamos?”
Esta semana, especificamente na terça-feira, mais ou menos 20h30, eu estava brincando com o Gabriel e assistindo paralelamente a um desenho na TV, quando ele me olhou e disse: “Papai, vamos ouvir música? O desenho está chato!”. E estava mesmo. Imediatamente, mudei para o canal de música da TV a cabo e, com certeza, escolhi o tipo de música que mais gosto e, por incrível que pareça, o Gabriel também: “POP ROCK DOS ANOS 80”. No momento que mudei de canal, tocava um dos sons que considero um hino da minha geração. “I Can Dream About You” de 1984 do Dan Hartman.
Naquele momento, iniciei a viagem no tempo que vire e mexe meu cérebro me proporciona. Me vi em 1984, ainda com 12 anos, no mesmo horário, na sala de casa, deitado no chão, nas famosas almofadas da Dna. Beth, vendo o Jornal Nacional, junto com toda a minha família, aguardando ansiosamente pela novela das 20h. É verdade, meus amigos, a família se reunia para assistir o telejornal, bem como assistir os bons e maravilhosos programas da televisão da época no seu considerado “horário nobre”, que era a faixa entre 20h e 24h.
Este meu teletransporte para 30 anos atrás teve um motivo significativo, pois estas viagens não são apenas mentais, mas sim de energia, de sentimentos, ou seja, eu sinto e literalmente “vivo” por instantes tudo aquilo que vivíamos naquela época de ouro da vida mundial. As pessoas viviam com dificuldade, sem a grana que temos hoje, sem 1% da tecnologia que temos, sem 10% da educação atual, sem o conforto do século XXI, sem a liberdade e a democracia de hoje, mas VIVÍAMOS MUITO MAISFELIZES.
As famílias faziam questão de estar juntas nos jantares, nos almoços, nos programas de TV, nos passeios, enfim, tudo era compartilhado, alegrias e tristezas, e tudo se transformava em cumplicidade, união e muito amor. Trabalhava-se muito e, muitas vezes, sem qualquer facilidade. Corria-se muito também, a vida já era agitada, mas isso tinha horário específico, pois TODAS AS PESSOAS FAZIAM QUESTÃO de desencanar dos problemas, curtir a família e a alegria que isso proporcionava. Na minha casa, era proibido falar de trabalho nesta hora. Era impressionante a capacidade que o meu querido pai H.P. tinha de “desplugar” da VARIG, e olha que o dia dele não era muito fácil, uma vez que ele era o responsável por TODO O SISTEMA DE RESERVAS da maior companhia aérea da América Latina, nona companhia do mundo, e ainda em COMPUTADORES DE VÁLVULA!
Enfim, as pessoas faziam questão de ser felizes, e a jovialidade era vírus em todas as camadas da população mundial, mesmo com os mais variados e complicados conflitos humanos que sempre vivemos desde o início dos tempos. Dificilmente, num final de semana, via-se o que vemos hoje: pessoas andando cabisbaixas, com olheiras, com aquele ar de preocupação que mais parece que o mundo vai acabar daqui a 10 minutos numa catástrofe nuclear. E olha meus amigos, de 1980 a 1987 vivíamos sim com a realidade de uma guerra nuclear entre Americanos e Soviéticos a qualquer momento.
O triste disso tudo é que eu tenho que voltar para 2013 e encarar os fatos de frente. Como podemos ser felizes vendo jovens de 20, 22, 30 anos com aquela cara de peixe morto, olheiras frondosas e aquele papo chato de metrô cheio, segurança pública caótica, os últimos lançamentos da música emo-depressiva, Big Brother (bosta, merda, lixo) Brasil e ainda o desespero de fazer o Trabalho de conclusão de Curso da Faculdade(o Famoso TCC) que todo mundo tem medo porque, de verdade, ninguém consegue hoje se expressar direito, vivendo sob o jugo de professores babacas, capitães impressionates do saber, que só sabem lecionar subjugando os seus alunos com o seu suposto conhecimento foda de última geração sobre os temas do mundo. Não são todos, mas, infelizmente, temos um BANDO DE BABACAS se dizendo professor por aí afora. O conceito de mestre/ professor está muito longe do que fazem com os alunos hoje. Educadores de verdade são amigos e dividem conhecimento, formam cidadãos e profissionais e se tornam ícones, nunca TORTURADORES DE MENTES!
Que Droga! Bate um profundo desespero e confesso que tenho vontade de deixar o meu cérebro lá, 30 anos atrás, sem nunca mais encontrar o caminho de volta, mas, graças a Deus, posso viajar assim (e sem tomar um copo de cerveja, pois odeio bebida alcoólica), pois se não fosse isso eu já teria sido internado num hospício. Pior, eu me renderia completamente aos conceitos do sanatório social que a humanidade ultra-medieval-moderna criou.
Nós estamos ferrados... mas melhor não desistir nunca. RESISTIR É PRECISO!
Vou viajar de novo. Vamos?
Marcelo Smith
Um comentário:
Resistir é preciso.
Família é preciso.
Música é preciso.
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