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RESISTENCIA INTERNATIONAL

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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

CULT 173 - HOMENAGEM AO MEU ÍCONE!



Manifesto  - 01 –

Hoje eu morro!

Morro de tédio e de cansaço,

Morro sem finalidade, vulgarmente,

Morro, como morre qualquer cidadão,

De subnutrição, enfarte, diarréia,

Desastre de automóvel ou suicídio.

Morro e deixo aos meus filhos,

Um conselho, um grito de alerta.

Cada semelhante é um concorrente,

Os obstáculos são muitos,

As armadilhas aí estão!

Atenção:

-O MUNDO É UM PERIGO!!!

Deixo à minha mulher,

Um beijo de saudade,

Um verso de amor,

Uma flor murcha em cima da mesa

E nada mais, que nada mais tenho para oferecer...

Aos meus desafetos, aos invejosos,

Aos meus inimigos vulgares

Deixo o polegar e o indicador,

Unidos, formando um círculo,

Que aos meus inimigos

Realmente grandes e inteligentes,

Deixo o meu profundo respeito.

Deixo às putas da ex-zona do Mangue,

Os meus culhões como protesto

Ás obras do metrô e à doença venérea.

Aos ladrões que são muitos

Deixo o meu imenso medo.

Medo do escuro, das vielas desertas,

Das armas de fogo, das navalhas.

À democracia deixo a minha dúvida,

Ao comunismo a minha desconfiança,

Ao capitalismo deixo minha carteira

Vazia, as minhas promissórias,

Meus títulos protestados.

Ao governo deixo o meu cansaço,

Minha desesperança, minha miséria,

Minha frustração...

Hoje eu morro!

Morro de vergonha, de impotência,

De tédio, de falta de perspectiva,

E o céu está tão azul, tão limpo!..

Hoje eu morro!

  

Morro e deixo aos amigos, um abraço,

Á minha mãe o meu carinho,

Ao meu pai eu nada deixo,

Nem cobro o que me é devido.

Ao mundo deixo meus versos

Cheirando a naftalina,

Impregnados do mofo das gavetas,

Perdidos por aí nos ”Sebos”,

Nas prateleiras sujas,

Nas latas de lixo

Até que as traças os consumam.

À Deus. Se Deus existe,

Deixo meu coração,

Que a alma é livre

E seu destino incerto...

Enfim, eu morro!

Sérgio B. Moreira - 15/04/1978


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